In:
Journal of Applied Ecology, Wiley, Vol. 56, No. 3 ( 2019-03), p. 779-791
Abstract:
As mega hidrelétricas formam arquipélagos altamente fragmentados, que afetam a biodiversidade e o funcionamento dos ecossistemas em remanescentes florestais isolados. Este estudo avaliou o impacto a longo prazo da fragmentação induzida por barragens em comunidades de árvores insulares tropicais, a fim de gerar recomendações robustas que mitiguem parte dos impactos negativos sobre a biodiversidade associada ao desenvolvimento de futuras barragens. Nós inventariamos árvores adultas e jovens em 89 parcelas permanentes, localizadas em 36 ilhas e em três áreas de floresta contínua na Hidrelétrica de Balbina, Amazônia Brasileira. Examinamos as diferenças no recrutamento, estrutura e composição das comunidades de árvores jovens e adultas, em relação a distintas variáveis em escala de parcela, mancha e paisagem, incluindo área, isolamento e severidade do fogo. As ilhas abrigaram menores densidades de jovens (média ± 95% IC: 48.6 ± 3.8) e adultos (5 ± 0.2) por 0.01 ha, do que as florestas contínuas (jovens, 65.7 ± 7.5; adultos, 5.6 ± 0.3). As comunidades de árvores jovens e adultas nas ilhas foram mais dissimilares do que nas florestas contínuas, com as composições das espécies apresentando um afastamento direcional em relação às florestas contínuas, induzidas pela severidade do fogo, área da ilha e isolamento. O recrutamento de jovens nas ilhas diminuiu com o aumento da severidade do fogo; comunidades com maior densidade média de madeira apresentaram os maiores declínios de recrutamento. Nossos resultados sugerem que as comunidades de árvores insulares são instáveis, com espécies raras tornando‐se propensas à extinção devido à redução do recrutamento e da densidade de árvores nas ilhas, levando potencialmente a perdas futuras na biodiversidade e no funcionamento do ecossistema nas ~3500 ilhas de Balbina. Implicações políticas Em Balbina, o fogo e redução da área e da conectividade foram os propulsores do decaimento da comunidade de árvores após apenas 28 anos de insularização, apesar da rigorosa proteção fornecida pela ~ 940.000 ha da Reserva Biológica do Uatumã. Considerando que muitas barragens estão planejadas em terras baixas e com moderada vazão na Amazônia, recomendamos que as estratégias futuras de desenvolvimento considerem explicitamente i) a localização da barragem, com o objetivo de minimizar a formação de ilhas pequenas ( 〈 10 ha) e isoladas, ii) a manutenção dos níveis de água do reservatório durante as secas, para reduzir o risco de incêndio, e iii) a inclusão da área insular agregada no impacto ambiental e nos cálculos de compensação. Idealmente, recomendamos que alternativas ao desenvolvimento de energia hidrelétrica devam ser buscadas nas regiões tropicais de terras baixas, devido às elevadas perdas de biodiversidade e à ruptura dos ecossistemas causada pelo represamento do rio.
Type of Medium:
Online Resource
ISSN:
0021-8901
,
1365-2664
DOI:
10.1111/jpe.2019.56.issue-3
DOI:
10.1111/1365-2664.13313
Language:
English
Publisher:
Wiley
Publication Date:
2019
detail.hit.zdb_id:
2020408-5
detail.hit.zdb_id:
410405-5
SSG:
12
Permalink