In:
Journal of Applied Ecology, Wiley, Vol. 60, No. 8 ( 2023-08), p. 1637-1646
Abstract:
Secas severas podem levar a incêndios que causam mortalidade massiva de árvores mesmo nas florestas mais úmidas e isoladas da Amazônia. Depois de repetidos incêndios, as florestas alagáveis de águas pretas podem permanecer num estado de vegetação aberta numa sucessão interrompida que facilita a transição para uma vegetação de areia branca semelhante à da savana. Essas alterações de vegetação de florestas alagáveis de dossel fechado para áreas de queimadas abertas e, eventualmente, savanas de areia branca, podem ter profundas implicações para as comunidades de peixes que dependem das florestas alagáveis para alimentação e recrutamento. Por sua vez, alterações nas comunidades de peixes podem contribuir para a recuperação interrompida das florestas após incêndios, pois os peixes são agentes de dispersão de sementes importantes para muitas espécies de árvores das áreas alagáveis. Para explorar os impactos dos incêndios florestais nas comunidades de peixes, coletamos peixes em florestas alagadas não queimadas, em queimadas e em savanas de areia branca na bacia do médio Rio Negro (Brasil) em duas épocas de enchente consecutivas. Comparamos a abundância, a riqueza de espécies, e a composição taxonômica e trófica das assembleias de peixes nos três tipos de habitat. Encontramos mudanças significativas nas assembleias de peixes das queimadas quando comparadas com as das florestas alagáveis não queimadas. Além disso, à medida que as queimadas aumentaram de tamanho, a biomassa total de peixes decresceu acentuadamente. As comunidades de peixes das florestas alagáveis não queimadas parecem caracterizar‐se por ter uma maior proporção de espécies de peixes menores e onívoros do que as comunidades de peixes das florestas alagáveis queimadas e as savanas de areia branca. A composição das assembleias de peixes em florestas queimadas e savanas de areia branca não foram significativamente diferentes. Síntese e Aplicações . As comunidades de peixes das florestas alagadas da Amazônia sofrem alterações após incêndios. As florestas não queimadas apresentam comunidades de peixes diversas, com uma grande proporção de espécies exclusivas e de pequenos peixes onívoros. Em contraste, espécies carnívoras e detritívoras tornam‐se mais comuns em queimadas e savanas de areia branca formadas após incêndios florestais. A menor quantidade de peixes onívoros após incêndios florestais pode reduzir a dispersão de sementes de árvores e a regeneração da floresta, afetando o funcionamento do ecossistema e os serviços prestados pelas florestas amazônicas. Os peixes também são uma fonte primária de alimento e de rendimento para as pessoas que vivem nas planícies aluviais da Amazônia. Portanto, a prevenção de incêndios florestais é de fundamental importância para a conservação das comunidades ecológicas aquáticas e terrestres da Amazônia, bem como para a subsistência das pessoas.
Type of Medium:
Online Resource
ISSN:
0021-8901
,
1365-2664
DOI:
10.1111/1365-2664.14434
Language:
English
Publisher:
Wiley
Publication Date:
2023
detail.hit.zdb_id:
2020408-5
detail.hit.zdb_id:
410405-5
SSG:
12
Permalink